George Orwell escreveu a obra 1984, um livro que discutiu o tema do totalitarismo e criou o personagem Big Brother, o Grande Irmão que a todos vigia, cuja obra inspirou aquela bobagem global assistida a cada começo de ano. Este escritor também foi autor de A Revolução dos Bichos, um libelo que apresenta animais fazendo as cacas que os humanos também fazem. Lá pelas tantas ele apresenta uma frase antológica: “todos são iguais, mas há alguns mais iguais do que outros.” Serve para reflexão de nossos dias. E serve pra acompanhar as palavras de meu amigo André Tarnowisky, ditas no texto Esteves Junior, o politicamente correto, a respeito do que postula no site da Globo.com o boa praça, camarada, simpático e cuca aberta Esteves Junior.
Esteves escreveu, e tem todo o meu respeito pela sua opinião, que admiro, mas não deve ter compreendido - e não apenas ele - o que significa o Avaí ter se apressado e posto a sua bandeira ali também.
Pois o decano da blogosfera avaiana propõe que se dispense estas manifestações de amor pátrio às bandeiras dos clubes da Capital na entrada da cidade, logo após a saída da ponte Pedro Ivo. Estaria correto o Esteves, e todos que pensam como ele, se não houvesse uma tradição fortemente arraigada nesse aspecto por aqui, em nossa cidade. E, se ninguém percebeu, a disputa entre os dois está cada vez maior, que envolve, até, ocupação econômica.
Não há como não se descartar a rivalidade existente em Florianópolis. Desconhecer isso é não compreender parte de nossa cultura, da própria história em si. Há até impregnação política nisto, de momentos pretéritos do nosso cotidiano.
Avaí e Figueirense fazem parte das coisas da cidade, como a tainha, o berbigão, o boi-de-mamão, as rendeiras, a Lagoa, o Mercado, a Catedral, a Praça XV, a Ponte Hercílio Luz e tantos e tantos outros motivos de orgulho do nosso povo. Porém, o espaço é exíguo e não é para amadores.
Sabemos que uma famosa rede de entretenimentos, que faz bicos no jornalismo, quer fazer valer o clube das cores brancas e pretas (algumas vezes cor-de-rosa) como o representante mais fiel de nossa Capital. Suas inclinações são nesse sentido. Há um não-sei-o-que de direitos comerciais que precisam ser mais bem esclarecidos. A realidade, o que observamos, o que se vê no dia a dia é algo bem diferente. Onde está um, também deve estar o outro. Mas, nas linhas e entrelinhas do comércio futebolístico da Capital só vai restar um. É bom, por isso, que se antenem.
A briga já começou. A tal rede difundiu por aí a idéia de que aquela área é “sagrada”, civicamente falando, para ostentar bandeiras de times de futebol, exatamente quando um dia depois foi hasteada a do Avaí, por sua confirmação como clube representante da Capital na elite do futebol nacional também. Não gostaram da companhia e querem rever este ato, esta homenagem. Ora, querem patentear uma agremiação e afastar a outra, usando de argumentos toscos e chinfrins, quando lá nos bastidores o negócio é outro?
Embora haja uma ligeira tendência de torcida para o time das cores listradas azuis e brancas, comprovada nas reportagens da Revista Placar e nas pesquisas do Grupo Sensus e da RIC-Record, ainda assim a divisão é evidente e tem que ser respeitada. E valorizada.
O hasteamento das bandeiras naquele local significa dizer que ambos os clubes, ambas as tradições estão em evidência na Capital e devem ser reverenciadas, do ponto de vista da torcida. Um dos argumentos contrários é o de que estamos comemorando um vice campeonato de 2ª. divisão para um e uma salvação do rebaixamento para outro, cujo desenrolar não merece tamanha pompa e circunstância. Ué, e daí? Por enquanto, o que nos cabe é isso mesmo, até que em momentos melhores desfrutemos de títulos nacionais de maior brio. Enquanto isso não vem, façamos homenagens para o que temos.
E a melhor homenagem é a exposição de suas bandeiras em um local de observação pública, distinto e apreciável, sem reparações.
Aqui na Capital todos são iguais e nenhum é melhor ou mais igual do que o outro. Que todos, nativos ou imigrantes, compreendam definitivamente isso. Quem tiver garrafas vazias pra vender, no final, curtirá uma vida mais longa. Pensem nisso.
Estava eu na leitura daquele texto (André) e pensei: ué, o Aguiar não vai opinar em tal polêmica? Hehehe. Valeu, bela mensagem a tua. Estou de acordo.
Abraço.