Valorização, ainda que tardia

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Muita gente no Brasil (em todo o território nacional) adora repercutir o que os europeus e os americanos do norte fazem, e desprezam as coisas da nossa própria terra. A terra coberta de neve na Europa é mais bonita, a moeda (papel) dos ianques é uma obra de arte, as construções na Escandinávia são um primor, o povo italiano é nobre, os falares e cantares são especiais, a estrutura é assombrosa, a organização é singular e o jeito de ser é o melhor. Ser europeu ou americano do norte é o sonho do brasileiro comum.

Do brasileiro idiota, acrescento.

Enquanto isso, por aqui, nada presta, tudo precisa melhorar, somos feios, analfabetos, temos doenças, baratas, coceiras, mosquitos, ratos e urubus.

E este pensar é estendido ao comportamento do brasileiro dentro do Brasil. Nordestinos querem viver no Sul, os nortistas adoram São Paulo e Rio de Janeiro, gaúchos e catarinenses têm projetos empreendedores no norte do país, e cada um vive a olhar e almejar os “benefícios e benesses” que a região vizinha proporciona. E quando não conseguem, passam a desmerecer o que o local ou habitante de outros lados tem ou desenvolve, além de desancar e arrasar o seu próprio quintal. Xenofobismos e preconceitos os mais variados afloram, para lá e para cá.

A tudo isto se chama complexo de inferioridade, que o brilhante Nelson Rodrigues chamou competentemente de COMPLEXO DE VIRA-LATAS. “O brasileiro é um narciso às avessas, que cospe na própria imagem. (...) não possuímos auto-estima.”, dizia o dramaturgo carioca. Atestava, ele, a falta de valorização que temos de nossas coisas.

Felizmente, os 8 anos do governo Lula permitiram que se diminuísse essa sensação de impotência, e muita gente voltou os olhares para os seus bons valores. Porém, no campo do futebol, que é uma autêntica demonstração de nossa cultura, a coisa ainda engatinha e a inferioridade permeia nos campos e vestiários Brasil afora.

Faço essa análise baseando-me no que vejo a respeito do que comentam por aí sobre o time da Ressacada, o Avaí Futebol Clube. A pouca valorização que alguns avaianos de opinião, que torcedores ditos fanáticos e mesmo os modinhas de ocasião dão a respeito do clube, à instituição e ao próprio time é de dar dó. Uma vírgula se transforma em redação e um ato contrário vira declaração de guerra nos Carianos.

Opinião e bunda é um troço único e singular: cada um tem a sua. Porém, cada qual fede de acordo com as “experiências” vividas.

Vejo, sinceramente, uma necessidade de se alavancar a auto-estima avaiana em todos os lugares. Uma revolução de costumes é condição necessária para nos tornarmos diferentes. Que somos um clube pequeno no restante do país, que nosso patamar financeiro é ridículo, que a contratação de jogadores é disputada com clubes de série C, D e até Z, que há problemas de planejamento aqui ou acolá, que precisamos sangrar torcedores abnegados para nos mantermos por alguns anos na mais disputada série de futebol do mundo, disso qualquer ameba sabe. Ficar relembrando a situação em que nos encontramos é digno de quem fugiu do confinamento psiquiátrico. O difícil, portanto, é dizer ao contrário. Por supuesto!

Relembro a contratação de Ronaldinho Gaucho, cujo comportamento da mídia e torcedores envolvidos é um exemplo. Um jogador fabricado pelo marketing, essa fábrica de doidos, que transforma parafuso em peça elementar em nave espacial, e que foi capaz de torná-lo o craque descartado lá fora, na maior e melhor contratação dos últimos anos no país.

Se até um jogador baladeiro e em fim de carreira pode ser a máxima apoteose no futebol canarinho penta-campeão do mundo, por que o Avaí Futebol Clube não pode ser valorizado pelos seus torcedores?

Qual é a dificuldade? Ah, a camisa não é de grife? Ah, um dos jogadores da temporada jogou no rival? O diretor financeiro não é do ramo? Os ingressos são caros? As filas na Ressacada são ingratas? O torcedor merece respeito? Sim, tudo isso pode ser verdade. Ou pode, apenas, ser mudado pela boa-vontade. Eu topo! Quem vem comigo? Claro, virão apenas os que entendem.

5 comentários:

  1. Parabéns pelo texto!

    Eu começaria como o Marquinhos quando chegou em 2011, "todo campeonato que eu entrar, vou pra ganhar". Obviamente não queremos cair e lutaremos para continuar na série A, mas vejo que a postura deve mudar. Devemos parar de comparar times e focar nas vitórias dentro e fora de campo no Avaí.

    Somente com perfil de campeão chegar num patamar maior. Que o torcedor e o clubem "encarnem" isso por vez!

    SDS!
    André A. Müller

  1. Augusto disse...:

    Parabens pela postagem. Esses que só criticam não devem conhecer a história do Avai, os tempos de Adolfo Konder, das vacas magras, que Série A era um sonho impossivel.
    Sou sócio mas moro em Brasília poucas vezes vou na ressacada durante o ano, mas quando sento na minha cadeira e olho nosso belo Estádio dá um nó na garganta, passa um filme dos ultimos 50 anos de torcedor azurra.
    Reclamar do que?

    Augusto Jacques
    Saudações Azurras

  1. Luiz Valério disse...:

    "Tô contigo e não abro"!
    Entendo que tudo isso acontece porquê é muito mais fácil criticar do que elogiar. A crítica chama mais a atençao do que o elogio. E digo mais, qualquer um, repito qualquer um pode criar um blog e emitir a "sua opinião". E o que vejo é que a maioria dos blogueiros limita-se a reproduzir a opinião de outrem.

  1. Meus caros, eu não sou avesso às críticas. Penso que elas têm o objetivo de ajudar, com opiniões sensatas, concretas, honestas. Eu me indisponho é com a cornetagem. Criticar por criticar.
    Aquele que já vem com um discurso, de "meter a língua" a torto e a direito, e sem reconhecer pontos positivos, pois pode parecer um "chapa-branca" não ajuda em nada.

  1. Anônimo disse...:

    MEU CARO ALEXANDRE...COMO SE DIZ NA GÍRIA, SUA RETÓRICA É PAPO PRÁ MAIS DE METRO.
    VEJA:
    1. SOMOS UM ESTADO ARRECADADOR (SEXTO OU SÉTIMO) E "RECEBEDOR" DA UNIÃO LÁ PELO DÉCIMO QUINTO...DAÍ PRÁ FRENTE;
    2. O ESTADO TRABALHOR, EFICIÊNTE E PRODUTOR - MARANHÃO - RECEBE NOVE VEZES MAIS DO QUE ARRECADA. É NECESSÁRIO DIZER MAIS ALGUMA COISA?
    3. OS FATOS DOS ÍTENS 1. E 2. SÃO PARA VOCÊ PERCEBER O QUE SANTA CATARINA REPRESENTA PARA O PAIS. NADA EM TERMOS ABSOLUTOS. COM O MERDA DO LULA OU NÃO;
    4. DESTA FORMA NO FUTEBOL AS COISAS SE REFLETEM. SOMOS PEQUENOS, POBRES, E NADA PROFISSIONAIS;
    5. A CARAPUÇA (DE SEU TEXTO)PARA MIM NÃO SERVIU, PORÉM NÃO POSSO PASSAR AO LARGO DOS ACONTECIMENTOS. NÃO SOU CEGO, E MUITO MENOS UM IGNORANTE TOTAL;
    6. PARTICULARMENTE NUNCA CRITIQUEI POR CRITICAR...SENDO SEMPRE O ALVO O NOSSO AVAÍ, O INTÚITO FOI ALERTAR, CHAMAR A ATENÇÃO, COLOCAR OS REPAROS QUE SOB MINHA ÓTICA ERAM OS MAIS CORRETOS;
    7. POR EXEMPLO: COMO PODERIA DEIXAR PASSAR EM BRANCO AS PÉSSIMAS CONTRATAÇÕES-2010? OU VOCÊ NÃO SABIA QUEM ERAM: ROBSON, RUDNEI, VANDINHO, MARCOS, GABRIEL, ALISSON, ENTRE OUTROS MENOS "FAMOSOS"...
    8. QUER O QUÊ...QUE EU APLAUDA?
    9. TRAZER ESTES IMPORTADOS TIPO MAGUILA...QUEM É ESTE SUJEITO QUE NEM APRESENTADO PELO MEU AMIGO ZUNINO É???? O QUE ESTE CIDADÃO FAZ...OU FEZ???? O QUE ESTE MENTECAPTO BALBUCIAVA EM ALTOS BRADOS UM CONSULTÓRIO MÉDICO, QUANDO ACOMPANHAVA ATLETAS AVAIANOS PARA EXAMES E CONSULTAS...QUE FOI PRESENCIADO POR UMA SENHORA ACIMA DE QUALQUER SUSPEITA!!!
    10. NOSSO AVAÍ (QUERENDO) ACHAR UM LUGARZINHO PARA ESTE MASCULINO EM SEU ORGANOGRAMA OU ORGASMOGRAMA...
    11. COMO DISSE, É PAPO PRÁ MAIS DE METRO.
    12. NINGUEM NESTE MUNDO É MAIS -AVAIANO- DO QUE EU. PODE SER IGUAL...MAIS NÃO.
    13. VAMOS CONVIDAR O ANDRÉ, O ANDERSON, O RAFAEL, E OUTROS MAIS, E OS QUE VOCÊ QUEIRA, PARA TERMOS UMA CONVERSA SOBRE ESTES E OUTROS ASSUNTOS. ESTOU ÀS ORDENS, MEU CARO...

    JÚLIO RICHARD CÂMARA -RICA-

    GARRA-LUTA-DETERMINAÇÃO- AVAÍ TRICAMPEÃO 2011.

    E.T. - FALTOU COMENTAR OS PREÇOS DOS INGRESSOS. MENSALIDADES PARA SÓCIOS EU NÃO DISCUTO MAIS. PAGO PORQUE QUERO E NÃO DISCUTO VALOR.

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