Uma luz quase no fim do túnel

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011


Um antigo lema de Mao-Tsé-Tung cai como um petardo sobre a situação avaiana: “Existe um grande caos abaixo do céu. A situação é excelente para mudanças.”

No Avaí, talvez não ocorram mudanças estruturais, de pessoas ou nomes, mas devem ser de atitudes. De postura. Afinal, já estamos próximos ao inferno e para dar um abraço no diabo basta discar o 0800. Portanto, mudar a inclinação do barco, mesmo que seja só um pouquinho a bombordo, já é um grande avanço.

Vencemos uma. Já avançamos. O barco saiu do cais. Mas ainda falta muita coisa.

Estava, durante estas minhas estimadas férias, observando o quanto um trocinho chamado vaidade reina absoluto nos mangues dos Carianos. E é preciso vivenciar isso de longe, com olhos mais afastados, para se ter uma idéia do quanto essa coisa é forte e grande na Ressacada. Assim, ao ladinho, passando de carro, de ônibus ou de a pé, por incrível que pareça, a gente não percebe, não é mesmo?

Muita gente fala que o futebol mudou. Que há mais profissionalização, mais investimentos. Que os programas de marketing e planejamento são a coqueluche da hora. E que os administradores de empresas vivem mandando currículos para os clubes de futebol.

E isso é uma tremenda verdade.

Percebe-se que os sonhadores e românticos vivem a pedir a volta do futebol-arte, aquele negócio de dois toquinhos pra cá, dois toquinhos pra lá, dribles desconcertantes e gols antológicos. Bom, isso acabou. Nunca mais veremos Zicos ou Pelés, a não ser naquele famoso solteiros contra casados no fim de semana. E acabou também o futebol das multidões. Os clubes de futebol populares. Os estádios cheios. Os espetáculos megalomaníacos com torcedores dependurados pelos alambrados. Tudo isso está com os dias contados. Se é que já não se perdeu essa conta.

Quando tivemos aquele épico final na temporada 2010, quase um Maracanã cheio pra ver o Avaí sair da degola, imaginávamos que o torcedor seria “aproveitado”, assim como uma garrafa PET, para os eventos que se programavam para a temporada 2011.

Enganos! Enganos aos milhares.

Pois a vaidade reinante naqueles lados da ilha quer fazer crer que os acertos de bastidores, os arranjos com jogadores, as promessas de bons contratos é que possibilitaram que nós fugíssemos daquela guilhotina rumo à série B. Não FICAMOS. ESCAPAMOS, é o verbo correto. Mas, com uma baita mão profissional por trás das cortinas, ô.

Porém, na profissionalização do futebol carianense, no seu mundo do marketing e do planejamento, amadorismo é sinônimo de abnegação e torcedor é só mais um elemento a fazer parte da paisagem. É convocado quando se precisa, quando se tem que fazer ROF, bandeirões, carreatas, assistir aos treinos apoteóticos.

Quando a coisa se complica, é melhor baixar os ingressos e incentivar o réles torcedor a uma última batalha. Até por que, dá mais trabalho pintar as cadeiras com rostinhos chorosos e contratar um carro de som para imitar o barulho da torcida. E ficaria complicado, vai que o CD trave!

Prepare-se para mais uma sessão de choros, lágrimas, alegrias, videozinhos babões de auto-ajuda. Faremos da forma que mandam as apostilas e requisitos, exacerbando as vaidades de uns poucos, por que não? Parecerá bem profissional e nos enganaremos por mais algum tempo.

2011 está só começando.

1 comentários:

  1. Marcelo disse...:

    Muito bom! É como eu disse no post que cito, os que na minha opinião são os 9 motivos para o começo pífio do Avaí nesta temporada: http://namarcapenal.blogspot.com/2011/01/9-motivos-para-o-fracasso-do-avai.html

    No tempo de vacas magras, na Série B, a torcida sempre esteve presente, roendo o osso junto ao Avaí. Foi o filé mignon chegar ne mesa e a diretoria azurra praticamente virou as costas àqueles que sempre os apoiaram. Começou tudo no primeiro ano de Série A, com o ingresso mínimo chegando a R$ 50,00. Neste começo de temporada, o torcedor que não é sócio teve de desembolsar o mesmo valor para assistir ao jogo entre seu time misto e o Zimba.

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