Muita gente emite a (falsa) opinião de que o Campeonato Catarinense é fraco e não merece muita badalação. Discordo frontalmente. Aliás, é o tipo de manifestação de quem vive sonhando com grifes e não valoriza o que possui, pois vive sempre olhando para o quintal alheio. Normalmente esta mesma opinião vive abraçada com a de “camisas de marcas famosas”, “jogadores estelares” e “campeonatos da moda”, como o inglês, espanhol e italiano. O dos outros é sempre melhor do que o da gente.
Na verdade, nosso campeonato sofre de dois problemas: falta de remuneração e dirigentes amadores. Isso não é sinal de fraqueza, mas de pouco incentivo.
O primeiro problema é nítido. É quando a famosa rede de TV estrangeira, que chupa bomba e veste saia com bainha nas pernas, que desdenha de nossa cultura e faz dumping mercadológico, sendo financiadora do campeonato local, prefere transmitir jogos de campeonatos de outras praças ao invés dos nossos. Ou nem se empenha em fazê-lo. Entende ela, a rede, que o nosso campeonato é pouco observado pelos torcedores nativos e, ao contrário de investir e valorizar as coisas da terra, prefere o produto pronto e mais digerível de outras bandas. Seria o mesmo caso do padeiro que vende pão, em sua padaria, da padaria do vizinho. O Gerson, do blog Avaixonados, chama isso de trato comercial. Eu prefiro dizer que é burrice.
A outra situação em que a remuneração é baixa diz respeito às grandes empresas do Estado que financiam clubes de futebol dos estados vizinhos. É o mesmo caso do sujeito que vê a sua casa caindo aos pedaços, mas vai consertar a casa ao lado. Ou o cabra que pede empréstimo para ajudar um amigo endividado. No futuro, a clientela saberá dar a dose necessária de fidelidade a estes "empresários sabichões".
Contamos, também, com uma federação de futebol inepta, decadente, permissiva, arrogante e interesseira, cujo principal objetivo é manter o que está aí. Possui uma rede enorme de favorecimentos e vive agarrada a conceitos antiquados de gestão do futebol. Até os homens das cavernas evoluiram. Mas a gente do Dotô...
O segundo problema do sofrimento de nosso campeonato é a presença, exatamente, de dirigentes amadores, que permitem tudo isso. São lenientes e vivem de favores, aceitando de bom grado as migalhas que lhes são derramadas da mesa. Jamais elaboraram um plano de crescimento coletivo, de investimento em equipamentos especializados para o futebol, em arrumar seus estádios em conjunto, enfim, em dar um salto de qualidade na organização do futebol no Estado. São incapazes e vaidosos e medem suas conquistas pela quantidade de baixarias entre Capital e Interior. Quem mais jogar xixi (e outras cositas!) na cabeça dos torcedores de fora, é o herói da rodada.
Ainda assim, o campeonato catarinense revela bons valores e somos capazes, mesmo com todas as dificuldades e esquisitices, de assistir a bons jogos e termos ótimos talentos sendo revelados a cada temporada.
Resta a quem gosta das coisas de nossa terra investir mais e modernizar as relações de futebol e os seus negócios ao redor por aqui. Mas, faltam neurônios.
Sintese perfeita, falta de remuneração e dirigentes amadores, bem como o que foi dito sobre aquela rede de tv. Assino em baixo.