Polícia para... para quê?

Confesso que sou um ingênuo. Sou um daqueles românticos que aposta num mundo sem guerras e sem violência. Sou mesmo. Sou remanescente do regime militar, daquele momento que coisas como essa, de ter um blog ou sair às ruas para reclamar até do preço da comida ou da gasolina dava cadeia e o incauto podia nunca mais voltar para casa.

Daqueles tempos bicudos, quando falar mal do governo ou das intituições era motivo de guerra. Tive amigos que foram presos ou morreram naqueles dias. Vi, ao meu lado, um companheiro de lutas ser baleado numa manifestação contra o regime dos milicos.

Quando então a democracia foi restabelecida, pensei que os enfrentamentos, a policia nas ruas, que soldados armados amados ou não seria raro. Choque eu só achava que aconteceria quando alguém pusesse o dedo na tomada. Passeatas, então, só seria em última instância, quando o diálogo acabasse, quando as negociações se encerrassem.

Pois é, sou ingênuo e admito que o diálogo se acabou. Que fim levaram todas as flores, aquelas que faziam da Ressacada um palco de festas?

Agora, uma coisa é certa. Vou chamar de hipócritas todos aqueles que levaram faixas declarando de ETERNO esse ou aquele dirigente. E não vou mais aceitar que a direção diga que sou importante como torcedor. Na hora do tudo bem somos todos amigos? E por que também não somos na hora da tristeza?