Indiscutivelmente, a coisa não anda boa para os lados da Ressacada. E não adiantam mais as palavrinhas doces, as convocações chorosas, o pedido de apoio da torcida, promoções de ingressos, exaltações de amor e bengalinhas pueris, pois sabemos, nós e os quero-queros, que há problemas sérios a serem resolvidos.
E já! É pra agora! Urgente!
Ao longo de nossa história, todos os que vergam camisas listradas azuis e brancas sabem, as dificuldades foram imensas. Oceânicas. Não ganhamos títulos com cavalaria em campo e nem montamos uma estrutura com conchavos espúrios e duvidosos. Também nunca recebemos dinheiro do governo para montar estádio e nem contamos com apoio de indústrias e fábricas de azulejos para fazer times. Tudo foi como comidinha de canário: bico a bico, grãozinho por grãozinho.
Portanto, conquistar o que já conquistamos nestes três últimos anos foi estupendo e sensacional, mas requeria um pouco mais de cuidado e amor pelo clube daqueles que levaram tudo isto a acontecer. Valorizar a conquista.
O futebol, por isso, é ingrato. Ele pune os incautos. De toda a ordem e de todo o tipo. Ele não dá chances para erros. Ele não preserva quem anda na corda bamba. Ele aniquila quem quer mais de tão pouco. Um clube de futebol como o Avaí que, como disse, construiu sua trajetória sem benesses e nas dificuldades, que tinha tudo para dar certo, pode não apenas dar errado, mas afundar profunda e perigosamente no mais negro dos vales que o futebol conhece.
Exatamente por não possuir as vantagens e arranjos que beneficia alguns.
O Avaí é aquele novo rico que quer gastar o dinheiro recém ganhado comprando tudo e tirando proveito da boa fase, sem se preocupar com o futuro. É o sujeito que ganhou um carro zero potente na promoção da loja e agora sai por aí em alta velocidade, gabando-se do novo brinquedinho. O resultado de tudo isso todos já sabem e já presenciaram um dia na vida.
Só a administração do Avaí é que, parece, ainda não viu onde tudo isto vai dar. Não percebeu a encrenca onde estão metendo uma agremiação tão representativa como o Avaí. Ainda não acordou do sono dos ingênuos.
Quem já vestiu um sapato apertado sabe onde o calo aperta. E sabe o que fazer para afastar a dor. Ou então poderá viver com o incômodo, até o dia em que poderá perder não só o pé, mas a possibilidade de andar. E o Avaí precisa voltar a andar e de preferência com suas próprias pernas.
A soma de todos os nossos medos
8 comentários:
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"Ainda não acordou do sono dos ingênuos".
Talvez o tarde não exista e para tudo há o seu tempo. Contudo, quanto mais tarde o despertar maior será o caminho do retorno e maiores, ainda, serão as terras devastadas.
Porém, até poderia ser ingenuidade se não fosse futebol. Nesta seara não há ingenuidade. Há malandragem! Há muita falta de ética e moralidade!
Sinceramente, não sei os reais motivos que estão levando o Avaí para o caminho mais longo, tortuoso e difícil. Só sei que percebo reinar no Avaí uma deturpação de valores que aprendi como essenciais para as relações sociais, especialmente em relação à ética e à moral.
Quem sabe sou eu quem viva acordado o "sono dos ingênuos". Pois, assim é o futebol. E assim sempre será o futebol brasileiro. Um reflexo de nossa política e de nossa sociedade!
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Brigadu, Kaká, ainda que eu não queira vivenciar toda essa "realidade". Tá difícil.
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Gilberto, a ingenuidade que eu apregoo é para aqueles que se acham espertos demais. O futebol, como você mesmo diz, é cruel. Não dá uma segunda chance. O sujeito pode ganhar agora, comer caviar, tomar champagne, mas daqui a pouco vem a conta e a indigestão.
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Aguiar,
Vivenciar a decadência do Avaí é o que jamais gostaria de estar vivendo. Fico trite em saber que nós somos os que ainda acreditamos, mas acreditamos no que?
Saudações amigo
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Aguiar, em que ponto o Avaí está?
Falasse em outro post que aconteceria algo.
Seriam mudanças, cobranças, saídas, renuncias,...?
Sou torcedor e sócio, mas acompanho os fatos pelo que leio em alguns blogs.
Abraço
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Carmen, nenhum torcedor de time algum do mundo gostaria de passar por isso, de má fase danada associada a um monte de incertezas.
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Julio, te garanto que vão haver mudanças. Se serão benéficas ou ruins, só o tempo vai dizer. Uma cosia é certa: água parada de poço não existe no Avaí.
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Parabéns pelo texto. Muito consciente e real.