Torcedor pasteurizado

O Avaí está se tornando uma curva de rio, onde as tranqueiras vão se acumulando. E algumas delas são tão grandes e quebradas, que vão acabar entupindo o Avaí por completo. O problema é limpar tudo isso. A medida mais sensata é evitar os acúmulos dos galhos, ir limpando aos poucos até deixar o rio fluir. A medida tansa é virar as costas e deixar a sujeira se acumular.

O torcedor avaiano, ao que parece, já percebeu qual foi a solução tomada. Por isso, ele está se pasteurizando. O torcedor está ficando estéril e indiferente.

A verdadeira e real existência de um time de futebol depende de uma torcida. Daqui até a Jamaica, no meio da Groelândia, até a Nova Zelândia, em qualquer parte do mundo onde haja um time de futebol, há torcida. Nem que seja um torcedor. Unzinho só. Mas há. E cada qual vibra, chora, sente, ri, aplaude e luta por seu clube. É da realidade do futebol, tão certo como a luz que nos alumeia.

Todos conhecemos os times de empresários. São barrigas de aluguel para a sanha capitalista de alguns no intuito de fazer negócios. Até aí nada demais, desde que na história do clube o número de conquistas e troféus seja diretamente proporcional à sanha mercantilista. Fazer um time de futebol vencedor requer dinheiro e a conseqüência é se vender o plantel ao final de uma etapa. Isso é assim desde que Judas traiu Cleópatra e depois foi para a cadeira elétrica.

O problema é quando se invertem as ordens, quando Judas assume o controle, quando se vendem jogadores antes das conquistas e quando Cleópatra vira cega, surda e muda.

Nesse caso, eles, os empresários bombadões vêm, trazem caminhões de jogadores, vendem tudo, até a mãe do porteiro e depois vão embora. O que fica é uma massa disforme e seca, sem calor ou vida para seguir a carreira no futebol. Extingue-se! Há vários casos por aí. Esses clubes não possuem torcida, pois uma boa torcida não deixa isso acontecer. Ela não se pasteuriza.

Pense nisso!