Dizem os poetas que o amor é o primeiro passo para a beira do abismo. Isso significa que, muitas vezes, movidos pela paixão, podemos não enxergar um perigo iminente, ou um erro de avaliação na ponta do nariz. A desordem amorosa promove a deturpação da passionalidade.
Faço essa arenga açucarada para chamar a atenção do quanto nós, freqüentadores de arquibancadas, nos baseamos por momentos puramente passionais, emotivos e pontuais ao emitir uma opinião. Evidentemente que exigir de um torcedor racionalidade e lógica na avaliação de um time de futebol é mera perda de tempo.
Não acontece. Não funciona assim.
Por isso, eu que sou torcedor e um latino-americano passional até a raiz dos meus (já!) raros cabelos não emito juízo de valor para jogadores de futebol, seja para xingar ou para fazer declarações de eterno fanatismo. Pelo menos essa pontinha de razão eu me exijo. Poderia errar na avaliação, fosse ela qualquer uma.
Falo das avaliações feitas até aqui, ou até os 30 minutos do 2º. Tempo do jogo de domingo para Rafael Coelho.
Pela mídia, Rafael Coelho tornou-se o cara, decantado por todos os lados da Ressacada e fora dela. Uma fortíssima arrancada de 51 metros em direção ao gol curintiano, numa jogada das mais espetaculares desta temporada, transformou o patinho feio de até então num cisne redivivo. Um craque, segundo muitos, cujo momento naquele jogo foi comparado a um Rooney, um Ronaldo em suas jogadas mágicas.
Até outro dia, o jogador de Ponta das Canas era louvado às avessas pela maioria da torcida. Seus gols perdidos, suas jogadas esquisitas, seus passes errados e a forma física, tudo depunham contra o guri. Tê-lo no time era motivo de ranzinzices e escárnios, além dos impropérios característicos.
Uma fraude!, teriam dito alguns. Está gordo!, argumentaram outros.
Pois pela minha experiência, jogador gordo jamais dará um pique de 50 metros aos 35 minutos do segundo tempo. E, para fazer aquilo, um sujeito pode ser tudo, menos fraude.
Foi um lance fortuito? Entrou nos minutos finais do jogo? Não, nada disso! Quem assistiu ao jogo poderá, daqui para frente, rever seus conceitos. Ele participou ativamente do jogo, sim, senhor. E de muitos outros, diga-se.
É preciso dizer que ele é importante no time, o qual precisa de jogadores de força e determinação. E deve contar com mais apoio da torcida, uma vez que é ainda um dos poucos que não se omite da partida, errando, acertando, mas não se escondendo. Não é o cara, não é craque, mas tem o seu valor.
Mais amor, menos ódio, mas, também un poquito mas de razão.
Ah, e ele beijou o escudo de novo! rsrss.
Concordo com o texto.
Abraços.