Uma guilhotina para Marquinhos

É incrível a disposição que torcedores (poucos, felizmente) possuem para “exilar” alguns jogadores sem dó, nem piedade. Ou emitir juízo de valor assim, de tacape em punho, dedo em riste, como se fossem donos da verdade. Quero, antes, dizer que não sou babão de jogadores de futebol, não faço contrato com nenhum deles, não sou dono de suas carreiras, sequer ganho algo para falar desse ou daquele. É motivação pessoal, mesmo. E motivação pelas palavras tiradas fáceis de bocas ingratas.


O execrado da vez é Marquinhos Santos. Marquinhos Santos foi colocado num paredão desde quando voltou para o Avaí, neste ano. Foi exigido dele muito mais do que podia. De um jogador de futebol, foi elevado à categoria de um semi-deus, com super-poderes além do que é possível para um ser humano normal. Graças a uma disposição tática equivocada do time, seu futebol foi sacrificado. Seu desempenho tem sido abaixo da média, por não haver espaço para jogar. E aí o que se ouve? “te vira, ganhas muito para tão pouco”.

Já fizeram uma contabilidade do quanto valem as suas jogadas? Poderíamos, por isso, tabelar sua participação em campo, que tal? Um escanteio vale quanto? E uma cobrança de falta? E um gol, merece um bônus extra? Fazer aquele passe longo, em profundidade, para colocar um atacante na cara do gol, teria alguma chance de ganhar uma barra de ouro?

Ora, convenhamos, desaguar nossas frustrações em um jogador, que diz ser torcedor do time, que se emociona a cada conquista, que joga contundido e se dedica de coração pelo Avaí, e acusando-o ainda de mercenário na pior acepçao do termo, é digno de pena. Só pode ser por pessoas que não tem amor-próprio. Exija-se, cobre-se, mas execração pública, não.

Se Marquinhos Santos for embora, por força de contrato, o mesmo contato que obriga jogadores a ir daqui pra lá e trazê-los de lá pra cá, que nunca mais volte. Estes torcedores não o merecem.