Quando eu comecei a me interessar por futebol, ainda se escrevia “football”, zagueiro era “full-back”, havia uma linha de 3 “halfs” e um “center-forward”. O sistema era o famoso WM. Aí, quando é fé, "goal-keper" virou goleiro, os “backs” viraram zagueiros e veio uma tal de Hungria, em 1954 e deu show jogando no sistema 4-2-4. O mundo inteiro adotou. Com a excepcional habilidade dos nossos jogadores, adquirida nos campos de pelada, jogando com bolas de meia ou de borracha, muito raramente com as de cobertão, o Brasil virou uma potência futebolistica. Os dois meias, sempre ótimos, criavam jogadas e brilhavam pela criatividade. Eram os tais “maestros”, “fitas métricas”, “folhas secas” e vários outros apelidos.
Até 1970, jogamos nesse sitema 4-2-4. Eramos imbatíveis e nossos estádios comportavam algumas dezenas de milhares de torcedores. Muitas vezes mais de cem mil! Era mesmo o esporte das multidões. Mas eis porém, senão, quando, o capitalismo, sempre nefasto, estendeu suas garras. Começaram as negociatas e as trambicagens de empresários, dirigentes e tecnicos incompetentes e desonestos, ganhando dinheiro em cima das habilidades e popularidade dos jogadores. Estes, os que menos ganham. E a beleza do futebol, a que mais perde.
Foi em 1974 que realmente iniciou-se a derrocada e enfeiamento de nosso brilhante futebol. Assim como culpo o ébrio Jânio Quadros pela merda que sofremos com a ditadura, culpo o fedamãe do Zagallo pelo início da derrocada do nosso futebol. Tão ou mais venal que nossos políticos e magistrados, tão ou mais incompetente que a maioria dos tecnicos, o execrando “velho lobo”, não sofreu um infarto e nem foi preso (incomunicável) quando tirou o Ademir da Guia aos 34 minutos. Pusilanime como os bandidos de faroeste, o fedamãe, com mais medo de perder do que vontade de ganhar, inventou o tal de “cabeça de área”. Geralmente jogadores com pouca criatividade para armar e alguma vantagem em desarmar.
Depois passaram a chamar de volante. Era um, agora, que a pusilanimidade se incorporou em todos os profissionais do bretão esporte, eles costumam ser 3 ou 4. O esquema, mudou de 4-2-4 para 4-3-3, depois para 4-4-2, às vezes 4-5-1. Menos a seleção, que no último jogo desenvolveu inédito esquema tático; 1-9-1. Um goleiro e nove defensores tentando fazer ligação direta para um atacante.
Hoje, fico aqui pensando: será que é possível, algum dia, voltarmos a ser o que eramos no futebol? Será que algum dia, serão presos os dirigentes inescrupulosos, os tecnicos imbecis, venais e propineiros, empresários gananciosos e comentaristas idiotas e puxa-sacos? E o que se faz mais necessário: será que vão fechar a TV Globo e calar a boca do Galvão e aqueles dois juizes que comentam a arbitragem sempre criticando nos outros o que eles viviam fazendo quando arbitravam?
Tenho esperança que um dia, (espero que seja antes de 2014) nossos profissionais entendam que ganha o jogo quem faz mais gols e que voltem fundamentos como dribles e passes precisos.
Voto com o relator, principalmente na parte em que fala do nº excessivo de cabeças de bagre, digo, cabeças de área; ai que saldade dos ponteiros.
Abs
Eron