Um gosto pelo ajuntamento

O avaiano gosta de se juntar. É o tipo de torcedor que vive em grupos. Reúne-se por qualquer motivo. Porém, o principal, é ver o Avaí jogar. 

Na atual fase em que nos encontramos muita gente já largou de mão. Munidos de um pessimismo covarde ou realismo exagerado, sequer pensam que o futebol guarda surpresas, que as coisas viram de uma hora para outra nesse esporte. Essa postura, entretanto, já rendeu diagnósticos de otimismo demasiado a quem ainda está indo à Ressacada. E també há quem diga que existe um Complexo de Pollyana, aquela personagem que via o mundo todo belo e cor de rosa.

É preciso diferenciar o tal complexo de Pollyana do otimismo. O otimismo normal e bem dosado nos leva a conquistas. O humano enfrentou o perigo em sua existência no planeta exatamente porque foi otimista. Creio que o otimismo seja sinal de racionalidade, apanágio da civilização. Se fôssemos realistas demais, ou pessimistas, nem haveríamos saído das cavernas.

Não é a relação cartesiana de ver um copo meio cheio ou meio vazio, mas de que há um copo e que é preciso fazer alguma coisa com ele.

O pessimista pensa que não adianta fazer mais nada, pois não vai dar certo, o copo deve estar furado.

O realista diz: "espere a chuva passar e depois encha o copo."

A Pollyana diz: "nem precisa mais, já tá cheio."

Mas o otimista radicaliza: "vamos encarar que dá. Vamos encher essa p...".

Porém, tudo isso só ocorre com o ajuntamento. A multidão é motivadora. É ela que mobiliza as lutas, avança as revoluções, muda conceitos. O povo avaiano, fiel, guerreiro e ativo, pode fazer esse quadro dramático virar, basta estar junto. Sozinho, no sofá da sala, a TV ligada no escuro, o avaiano é um réles expectador. Seu grito só é ouvido pelos vizinhos e, ainda assim, deve ser comedido.

Junto a outros, nas arquibancadas, torcendo e vibrando, incentivando o time a vencer, fará a diferença. 

Torcedor avaiano não combina com solidão.